segunda-feira, 31 de julho de 2006

domingo, 30 de julho de 2006

L'Enfant. Dir. Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne - 2005

Um filme sem trilha sonora. Eu ainda nunca havia visto um filme assim. Trata-se de uma denúncia, um alerta a uma sociedade perdida e sem sensibilidade.

Um casal de jovens e um filho para criar. Sonia (Débora François) é uma jovem de 18 anos, que acabou de dar à luz a um menino. Bruno (Jérémie Renier), o pai, com 20 anos de idade vive de pequenos roubos cometidos por ele e seus comparsas adolescentes.

Responsabilidade, maturidade e confiança são colocadas em questão. Quando estamos realmente maduros? Em que momento somos responsáveis pelas pessoas que nos cercam, ou até mesmo por nós próprios? “L’Enfant”, surpreendente vencedor da Palma de Ouro em Cannes do ano de 2005, retrata uma juventude desinteressada e insensível. Não há sonhos, projetos, laços...

O filme trata da chegada de uma criança e a maneira tão diferente que este fato é encarado pelo casal. O significado de um filho não é o mesmo para os dois. Os atos de Bruno em relação ao filho colocarão o casal diante de sérios dilemas sobre suas existências, sobre a relação que os une e aquilo que os faz seguir a diante. A criança de fato não é o bebê, mas Bruno.

Trailer:


Site Oficial: www.sonyclassics.com/thechild

sábado, 29 de julho de 2006

8 Femmes. Dir. François Ozon - 2002

8 mulheres, um assassinato, uma delas é a assassina. Mistério, beleza, paixão, perigo… Este é mais um daqueles filmes de Francois Ozon. Ele é muito bom em colocar pessoas em espaços pequenos vivendo suas transformações, suas descobertas, seus conflitos.

A narrativa se desenrola a partir do assassinato de um homem, o patriarca da família. 8 mulheres são consideradas suspeitas, sendo que uma delas, com certeza, é a autora do crime. Não há como chamar a polícia, pois os fios do telefone foram cortados, e algo fez o mesmo com os fios do carro, para impedir que partissem.. Cada uma delas tem razões suficientes para ter cometido o crime e a conclusão do caso só cabe à elas. Elas se vêem forçadas a se confrontar, com muitos ressentimentos e verdades vindo à tona enquanto tentam elucidar o que está acontecendo.

O elenco conta com o talento de Isabelle Huppert (Augustine), que mostra, assim como em “A professora de piano”, sua habilidade com a música. Ludivine Sagnier (Catherine), já conhecida dos filmes “Swimming pool” e “Gotas d’agua em pedras escaldantes”, do mesmo diretor, mostra novamente seu charme, embora esteja um pouco mais “inocentemente infantil” desta vez.

O filme é muito engraçado, Ozon ousou fazer, ao que parece, uma paródia dos filmes de suspense Wolliwodianos. O que não pude deixar de fazer foi colocar as melhores cenas do filme aqui. Reparem o talento musical dessas mulheres:


Emmanuelle Béart


Isabelle Huppert


Ludivine Sagnier - Papa T'es Plus Dans Le Coup


Catherine Deneuve


Fanny Ardant



Virginie Ledoyen

quarta-feira, 26 de julho de 2006

Amnésia. Dir. Christopher Nolan - 2000

Uma narrativa em que você nunca sabe onde é o começo, muito menos aonde dará o fim. O problema é indissolúvel, a linha do tempo, a constituição dos fatos, são os maiores inimigos! A ausência da lembrança do presente, ou melhor, um presente nulo, sem rastros, torna cego e incerto o futuro, e a única coisa a que se pode apegar é um passado que não se sabe bem há quanto tempo já se passou...

Leonard Shelby (Guy Pearce), após uma briga com o assassino de sua esposa, bate a cabeça e é vitimado com uma doença incurável. A perda da memória recente. Tudo o que no presente acontece é instantaneamente esquecido. A história de sua vida já tem um ponto final, é a briga, e sua última visão é o corpo de sua mulher.

Seu objetivo é vingar a morte da esposa e para isso se vale de todo artifício para não se perder em sua investigação. Leonard Shelby, faz das fotos instantâneas de todas as pessoas que conhece, uma espécie de memória artificial. Seu corpo é repleto de tatuagens que dizem cada um de seus passos para cumprir seu objetivo. A história em si não é nada lá grande coisa, é repleta de ação, brigas, fugas e tiros. Mas o que realmente chama a atenção é a originalidade do roteiro. Não é por acaso que concorreu ao Oscar de melhor roteiro em 2000. O diretor Christopher Nolan foi genial! Os fatos são completamente fragmentados, desconexos e sempre faltam elementos que fazem, tanto o personagem, como quem assiste, ter a completa experiência espaço x tempo. Tudo está resumido ao “aqui e o agora” (hic et nunc). É como se a cada instante a vida fosse invadida por um novo renascer. O sujeito e o mundo que o circunda não é um o tempo todo, afinal o tempo não existe, não há cronologia, mas um diferente a cada instante. Não há em quem confiar, pois você nunca tem certeza se conhece efetivamente as pessoas que se aproximam de você. Não há aonde ir, pois você nunca sabe se já esteve lá. Não há o que fazer, pois você nunca sabe se já fez... essa é a grande sacada do filme, Leonard pode se vingar matando o assassino de sua esposa, mas ele nunca se lembrará disso e irá se lançar a cada momento a uma caça infinita...

Leonard Shelby: I have to believe in a world outside my own mind. I have to believe that my actions still have meaning, even if I can't remember them. I have to believe that when my eyes are closed, the world's still there. Do I believe the world's still there? Is it still out there?... Yeah. We all need mirrors to remind ourselves who we are. I'm no different.

Dizem que o tempo cura as feridas. É, parece que é verdade. A última lembrança que tem Leonard é a perda de sua mulher. É sempre como se fosse “ontem”. Leonard Shelby não pode saber quanto tempo já se passou. Sua mulher sempre morre no dia anterior e isso torna sua dor insuportável...

Leonard Shelby: I don't even know how long she's been gone. It's like I've woken up in bed and she's not here... because she's gone to the bathroom or something. But somehow, I know she's never gonna come back to bed. If I could just... reach over and touch... her side of the bed, I would know that it was cold, but I can't. I know I can't have her back... but I don't want to wake up in the morning, thinking she's still here. I lie here not knowing... how long I've been alone. So how... how can I heal? How am I supposed to heal if I can't... feel time?

Vale apena entrar no site official do filme e tentar desvendar o mistério: http://www.otnemem.com


Cenas do filme ao som de Link Park, "In the end":


Assista o Trailer em: Preview MEMENTO at www.videodetective.com

quinta-feira, 13 de julho de 2006

Les Poupées Russes. Dir. Cédric Klapisch. 2006



Porque o nome “Bonecas russas”? Antes de ver o filme, imaginei que fosse esse título porque as atrizes são lindas... Mas é muito mais do que apenas isso. Você sabe o que é uma boneca russa? É um brinquedo que faz parte do folclore russo. Seu nome original é матрёшка [matrioska]. Tal brinquedo é constituído por uma série de bonecas, feitas de diversos materiais, ainda que o mais freqüente seja a madeira, que são colocadas umas dentro das outras, da maior (exterior) até à menor (a única que não é oca, a única que é a boneca verdadeira.) Bom, agora ficou fácil saber porque o filme tem esse nome. Se ainda não consegui te ajudar a entender, Xavier (Romain Duris), dá a dica:


“If I think about all the girls I've known or slept with or just desired, they're like a bunch of Russian dolls. We spend our lives playing the game dying to know who'll be the last, the teeny-tiny one hidden inside all the others. You can't just get to her right away. You have to follow the progression. You have to open them one by one wondering, "Is she the last one?"



“Bonecas russas” é a continuação do filme “Albergue espanhol”, do diretor francês Cédric Klapisch. A história consiste em Jovens estudantes europeus que se conhecem num albergue, agora na fase adulta [diga-se de passagem que há pouca diferença de maturidade], se reencontram para o casamento de um deles. Xavier é o protagonista. Escritor de telenovelas, tem como trabalho fabricar sonhos para a audiência televisiva. Não é sem motivo que entra em crise. Não consegue, pelas contradições entre os sonhos e a realidade, se reconhecer no seu trabalho; chega, forçosamente, a se questionar sobre o que é o amor. Questiona-se como é amar de verdade. A questão é que Xavier escreve sobre o amor, sobre uma harmonia entre duas pessoas, mas não é o que encontra na vida real.


Dividido entre Wendy (Kelly Reilly), a amiga britânica, e uma modelo, Xavier conta com a ajuda de Isabelle (Cécile De France), sua amiga lésbica, para encontrar o verdadeiro amor. É uma história muito engraçada, e também, repleta de contradições. Xavier procura Wendy em Londres para ajudá-lo na redação de um roteiro de uma telenovela, e na busca de uma fórmula perfeita de um romance de sucesso para a TV, eles se envolvem e Wendy se apaixona. No entanto, Xavier, que fazia “bicos” como jornalista, é chamado para redigir a biografia de uma jovem modelo. É nesse momento que ele se depara com todos os paradigmas de perfeição feminina. A “mulher de simetrias perfeitas”. Ele vê por detrás do poder sedutor da jovem uma fragilidade de espírito que o impressiona. A garota é linda e ponto. Só isso!


A graça do filme está nas situações inusitadas que podemos criar sem perceber. O sonho, a fantasia, é algo do qual não se pode viver sem. Xavier é romântico, todavia não é um alienado, ele apenas procura a “última boneca”, aquela que está dentro de todas as outras, como uma criança que se diverte com a matrioska.



Nesse filme ouvi a coisa mais bonita que uma mulher podeira dizer a um homem. Quando Xavier ia partir de trem para entrevistar a modelo, wendy disse para ele na despedida:


Wendy:I know you're not always perfect. I know you have tons of problems, defects, imperfections... but who doesn't? It's just that I prefer your problems. I'm in love with your imperfections. Your imperfections are just great! [... ] I know most girls they get weak on their knees for what's beautiful, you know, that's all they see, that's all they want. But I'm not like that. I don't just see what's beautiful. I fall for the other stuff. I love what's not perfect. It's just how I am.


Mas Xavier entrou no trem... não dá para entender! [...] Talvez pensando no caso do filme se chamar "Bonecas Russas", agente nunca sabe qual será a última... Nunca sabe...

Confira:


Melhor cena do filme, em homenagem ao meu amigo Vitor Bustamante, aquele que me acompanhou ao cinema e disse ser esse o melhor filme que viu no último mês, haja visto que ele vê sempre numerosos filmes por mês. [Atenção, o filme é francês, mas a melhor cena só achei dublada para o espanhol :( ]:

É... talvez a rua de simetrias perfeitas seja mesmo muito sem graça...

sábado, 8 de julho de 2006

Momento insano-musical-incontrolado.

Uma linda tarde de outono. Uma mesa de truco. Uma canção ao fundo da sala. Não pude me segurar e desandei a cantá-la.



You are so beautiful, yes

You are to me

You are so beautiful

You are to me

Can't you see? Can't you see?

You are everything I hoped for

And you are everything I need

And you are so beautiful to me

You are so wonderful

So wonderful to me

You are so wonderful, baby

Can't you see, can't you see, baby

You're everything I hoped for and

You're everything, yeah everything

God knows you're everything to me

You are so wonderful

You are so wonderful

So beautiful, so beautiful

You are so beautful

To me

terça-feira, 4 de julho de 2006

Não fomos campeões...

... mas, com toda certeza, isso, definitivamente, não foi, não é, e, não será o mais importante...