quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Quanto vale ou é por quilo? Dir. Sérgio Bianchi - 2005

Certa vez, ouvi no rádio um comentarista político, um tanto conhecido aqui no Brasil, usar um termo muito curioso para se referir a condição histórica de corrupção na política brasileira: a “inércia histórica”. Talvez possamos chamar também de “inércia social”. É curioso esse termo, pois ele trata da união entre uma lei puramente física e um conceito sociológico. A inércia é a conservação de um estado dinâmico de um corpo num sistema. Se algo está num dado estado dinâmico, seja de movimento ou de repouso, ele tende a ficar nesse estado se não houver razão suficiente alguma que o impeça, ou seja, se não houver nada opondo a manutenção, natural, desse estado dinâmico.

“Quanto vale ou é por quilo?” mostra exatamente essa “inércia social”. Sérgio Bianchi colocou em paralelo o período histórico brasileiro do fim do século XIX com o Brasil contemporâneo. O período final da escravidão negra brasileira e a atual situação da periferia nas grandes cidades. São colocados à vista as grandes mazelas e contradições de um país em constante crise de valores morais. A sociedade é vislumbrada na óptica mercadológica. A relação econômica que contrapõe casa-grande e senzala é análoga a a relação entre a elite econômica e os excluídos do subúrbio.

“Mais vale pobres na mão do que pobres roubando” é o eslogan do filme. O trabalho de inclusão social praticado pela iniciativa privada é duramente criticado, pois o fim que tal iniciativa, aparentemente, visa sanar, a saber a igualdade social, é barrada pela própria lógica estrutural do sistema. O mercado opera com a pobreza e a exclusão. A grande questão é que a democracia é o sistema político vivido no Brasil porque é o sistema do consumo, aquele que favorece melhor o liberalismo econômico.

A “inércia social” está no filme retratar que a história brasileira não muda, ela está estática, barrada, bloqueada de transformação.

Link Oficial do filme.

6 comentários:

Fernanda Rubio disse...

Mmmm, lo que sucede tal como lo diría García Márquez, "la realidad supera la fantasía"...

El tema de la pobreza es un dolor que el mundo deberá seguir soportando en tanto las políticas capitalistas no cambien

Saludos!!!

Felipe Silva disse...

Realmente, voce tem razão.
Mas sabe, talvez eu seja negativo demais, mas não vejo horizonte de mudança em nenhum caminho que sigamos. Tomara que eu esteja errado...

Valeria Elías disse...

Felipe! son terribles los temas sociales y más en américa del sur, cada país tiene su propia política, pero que al fin es una sola... Creo que el mundo está enfermo de neoliberalismo y todas sus deribaciones... Saludos

Vitor Bustamante disse...

Adorei o seu comentário sobre o termo inércia histórica.

Anônimo disse...

O nossos caminhos e temivel e parece-me q andamos sobre ferpas ociosamente marcados para nos, talvez a melhor maneira e viver a inercia estatico, ate ao ponto de podermos nos conhecer, sabe abrir a mente, realmente tenho medo disso tudo, e se tiver q fazer algo farei agora, continua nesse caminho da liberdade, acho q nao e tao dificil......

Anônimo disse...

Como diz o titulo do livro: "lucro ou as pessoas?" (CHOMSKY, 1999) a lógica do dinheiro ainda guia a razão humana. Mas até quando...?