terça-feira, 5 de junho de 2007

La Tigre e la Neve. Dir. Roberto Benigni. 2005.



Não poderia um filme sobre um poeta começar de outra forma a não ser por meio de um sonho, e não é um sonho qualquer, mas o sonho que o une à mulher de sua vida. Sonho este que Attilio di Giovanni (Roberto Benigni) atualiza todas as noites onde quer que ele repouse. A cena é fabulosa, além da arquitetura do ambiente, Tom Waits se responsabiliza pela canção. Attilio di Giovanni sonha se casar com Vittoria (Nicoletta Braschi), que aparenta, na realidade, não ter qualquer interesse nele. No entanto, no sonho ela sempre o surpreende e não obstante os contratempos típicos de “sonho sem pé nem cabeça”, como o celular que toca ou o guarda que interfere por conta do carro mal estacionado, a cena não perde seu teor romântico, mas ao contrário, ganha uma fragrância lúdica própria de Benigni.


Attilio di Giovanni está longe de ser um daqueles tipos já bem conhecidos do cinema, aqueles figurões, como por exemplo, o “homem marlboro”, o “homem martini”, o “homem marcedes, bereta”, e por aí a fora. Attilio é um poeta por necessidade, ou melhor, por natureza. Explicando para suas filhas por que era poeta ele diz que precisava comunicar aos outros aquilo que ele sentia, da forma como sentia, dar o devido valor para aquelas coisas que tem esse valor. Talvez aqui possamos encontrar uma pista da razão pela qual um filme usa uma guerra tão recente apenas como um pano de fundo para uma comédia. Não é tratada durante toda a narrativa a questão do absurdo de um conflito armado ou a legitimidade de uma invasão política e econômica. Pelo contrário, Benigni quer deixar muito evidente que não é esse o objeto focal de suas câmeras, coisa que fica muito clara em uma cena em que Attilio e seu amigo Fuad (Jean Reno) contemplam a lua e o céu numa linda noite em Bagdá enquanto na periferia da imagem notamos dezenas de bombas sendo lançadas ao ar.


Informado que Vittoria foi ferida em Bagdá, Attilio imediatamente viaja para o oriente para cuidar dela. Inconsciente, Vittoria, numa cama de um hospital semi-destruído, não possui todos os medicamentos necessários para sobreviver e Attilio, mesmo sendo desesperançado pelo médico, atravessa Bagdá para com um último esforço salvar a vida de sua amada, que nem saberá quem a salvou. Os elementos românticos do filme não tiram sua originalidade e sempre se abre um espaço amplo para criar surpresas no espectador.

Veja o Trailer:

Um comentário:

Vitor Bustamante disse...

Nossa! Quero ver esse filme!