sexta-feira, 5 de maio de 2006

Crash - Dir. Paul Haggis

Um filme sem protagonistas. Sem heróis e sem vilões. Fica difícil entender porque esse filme foi premiado com o Oscar sendo tão diferente dos antigos paradigmas Holliwodianos, aliás, nem são tão antigos assim.

Crash, dirigido por Paul Haggis, reflete cristalinamente o medo simbólico pós 11/09/2001 em que a sociedade, particularmente norte americana, e, podemos dizer, numa forma geral, do mundo, se imergiu. O medo e o desespero são os elos de ligação e substrato das relações entre as pessoas, a trama mostra uma sociedade que vive um delírio. Um delírio que cega, um delírio que simboliza o diferente como um inimigo que deve ser destruído, eliminado por oferecer risco. Cada qual é um risco ao outro. Quando digo “delírio” quero usar uma palavra que se contrapõe à “razão”. Para Hobbes, pensador político inglês do século XVII, o homem no “estado de natureza” é “o lobo do homem”. A instituição do Estado serve para, digamos assim, racionalizar as relações e oferecer segurança à todos. Mas numa sociedade que vive um delírio o “homem volta a ser o lobo do homem” mas agora, de uma forma institucionalizada, com apelo à lei.


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