quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Da esperança ao desespero: Dilemas de uma democracia inacabada.

Em 2002, na campanha para a presidência da república, o slogan da campanha do presidente Lula era “A esperança vencerá o medo”. A esperança era prefigurada na idéia de mudança, na idéia do novo, no entanto, ao mesmo tempo, essas mesmas idéias geravam em si o medo. Na figura de Lula, o candidato da oposição, era sinalizada a mudança que geravam duas paixões simetricamente opostas no eleitorado, uns eram tomados pelo medo do pior e outros pela esperança do melhor. O fato ocorrido é que da oscilação entre o medo e a esperança no cenário eleitoral brasileiro da campanha de 2002 a esperança venceu.

A esperança venceu há quatro anos através da confiança do povo depositada na eleição do presidente Lula, mas agora, podemos dizer que na melhor das hipóteses, sendo muito otimistas, parece que os brasileiros terão que esperar ainda mais sem, ao menos agora, vislumbrar rastros de mudanças legítimas e realmente significativas. A mudança esperada e pela qual Lula foi eleito não ocorreu de fato. Pelo contrário, Lula ajudou a reforçar a estrutura contra-democrática do Estado brasileiro, mantendo o arcabouço da centralização do poder em que todas as estruturas de políticas públicas, de legalidade e de tributos são mantidas de forma autoritária ainda num molde do Brasil imperial que só as oligarquias favorece. Houve no governo Lula atos medicativos, quase que exclusivamente emergenciais, mas não mudanças as quais tínhamos esperança que ocorressem. Ao contrário, o fato de um partido de esquerda ter chegado ao poder foi possibilitado pelo agenciamento de alianças partidárias bizarras que, como um efeito, gerou um quadro corruptivo não muito diferente de governos passados, reforçando ainda mais a opinião de que mudança alguma ocorreu com a eleição de Lula.

Hoje um desespero irrequieto toma o lugar da esperança de quatro anos atrás. Temos nesse segundo turno que eleger o “menos pior”. É desesperador que o debate do “ruim” contra o “menos mal” fique restrito a acusações, a dossiês, a vestidos de grife, a maletas e cuecas de dinheiro. Cada candidato se preocupa em dar mais razões pelas quais o outro, seu adversário político, não deve ser eleito, razões pelas quais ele não deve chegar ou se manter no poder. Ora, que democracia é essa? A democracia pressupõe liberdade para com ela escolher um candidato pelas suas convicções e não, tão somente, pela falta de opção. Qual a convicção de Lula? E de Alkimin? A palavra mais repetida durante toda a campanha foi “Ética”, utilizada por ambos os lados. Essa palavra foi tão usada que ironicamente se corrompeu e ficou vazia de significação. O que é ética? Qual dos dois candidatos sabe o que essa palavra realmente significa?

A situação se torna ainda mais desesperadora quando olhamos o perfil de alguns dos deputados federais mais votados nesse ano. Maluf, Clodovil, Celso Russomano, Éneias Carneiro e Frank Aguiar! Sem contar alguns figurões intimamente ligados aos fatos recentes de corrupção. O que isso significa? O que devemos esperar desse cenário desesperador da política brasileira?

Este post foi postado tambem no blog "A voz do povo"

5 comentários:

Anônimo disse...

Cara, o texto está bom, mas achei esse trecho meio vago (e questionável também):

"Lula ajudou a reforçar a estrutura contra-democrática do Estado brasileiro, mantendo o arcabouço da centralização do poder em que todas as estruturas de políticas públicas, de legalidade e de tributos são mantidas de forma autoritária ainda num molde do Brasil imperial que só as oligarquias favorece".

vou tentar acompanhar mais de perto seu blog. Afinal, você já está ficando famoso, né?! rsrsrsr

Valeria Elías disse...

no me quiero meter en cuestiones politicas... por eso solo te leo, pienso y te saludo... besos

Felipe Silva disse...

Daniel:
Não disse que o Lula criou uma estrutura de poder para o Brasil que só as oligarquias favorece. Disse que essa estrutura existe desde o Brasil imperial. Lula não fez nada, e na época era o único candidato que poderia, fazer alguma coisa para mudar essa estrutura. Eu disse, sim, algo pesado, disse que Lula ajudou a fortalecer essa estrutura federativa centralizadora e patriarcal, mas, deveria ter dito também que não mais do que Fernando Henrique. Alkimin fará pior! Ora, quem cala consente...

Falow Daniel...

Amada Inmortal:
jejejeje Acredito que meu blog está mudando o perfil, mas atribuo isso ao sensível período de desespero sobre aqueles que pensam a "república" hoje. Ainda mais quando se trata da sua república...

Beijos e gostaria muito de comentar filmes novamente ;)

Beijos

Felipe Silva disse...

Este é um espaço democrático de debate. Toda idéia logicamente inteligível pode ser comunicada, contando que se identifique e respeite os demais.

Obrigadoxisri

Anônimo disse...

solo paso a dejar besos y un HOLA!!!