sábado, 3 de fevereiro de 2007

Babel. Dir. Alejandro Iñárritu. 2006.


Um filme pós-moderno. Babel, filme dirigido pelo mexicano Alejandro González Iñárritu mostra de uma forma bastante original as conseqüências imanentes da globalização. Três histórias distintas, três fragmentos narrativos que compõem um drama em que uma arma de fogo é o ponto de convergência.

A primeira ponta da pirâmide está no Marrocos onde dois adolescentes camponeses recebem de seu pai um Rifle para matar chacais e proteger seu rebanho de cabras. Tomados pelo súbito de testar a nova aquisição da família os jovens pastores testam a potência da arma tomando por alvos os carros que passam na estrada. Atirando num ônibus de turismo eles atingem Susan (Cate Blanchett) casada com Richard (Brad Pitt) que ao ver sua esposa gravemente ferida faz o ônibus mudar seu rumo e parar num povoado até que uma condução os levem a um hospital.

Na segunda ponta da pirâmide está a mexicana Amélia (Adriana Barraza) que amavelmente cuida das crianças do casal. Imigrante ilegal que mora há dezesseis anos nos Estados Unidos da América. Amélia pretende cruzar a fronteira para ir num casamento da família, no entanto, sem alternativa quanto a deixar as crianças sob outros cuidados nos Estados Unidos, decide levá-las. Na volta as coisas se complicam na fronteira e ela e as duas crianças ficam perdidas no deserto após uma perigosa fuga.

A terceira ponta da pirâmide, e a mais distante, conhecemos Chieko (Rinko Kikuchi), uma jovem adolescente japonesa que perdeu a mãe num suicídio e parece rumar para o mesmo caminho. Surda e muda se lança numa saga para transar pela primeira vez. Seu pai Yasujiro (Kôji Yakusho), um homem permanentemente ocupado com seu trabalho, foi quem levou o Rifle para o Marrocos numa viajem de turismo e deu como presente de agradecimento ao seu guia marroquino de caçadas.

É marcante a forma como são retratadas neste filme diferentes manifestações culturais. Podemos focar em numerosas características que Iñárritu coloca em cena para marcar aquilo que há de conflituoso nas culturas, tal como a impaciência dos turistas europeus ocupantes do ônibus atingido por um tiro e indispostos a continuar numa cidadezinha perdida no Marrocos, a comemoração nupcial mexicana e o espírito desconfiado das crianças americanas, a suspeita dos policiais na fronteira americana e o medo dos imigrantes, a difícil socialização de uma adolescente com deficiência auditiva numa sociedade marcada em sua essência pela comunicação, o adolescente marroquino que se masturba vendo a irmã se exibindo nua, a atitude de Susan em tomar Coca-Cola quente por desconfiança da proveniência do gelo e etc... Detalhes que passam despercebidos, mas que marcam uma sociedade fundada em pré-conceitos.

Veja o trailer:

3 comentários:

Valeria Elías disse...

hola felipe!!! este parece ser un film prometedor... será tan así la realidad también.... besos

Vitor Bustamante disse...

Nossa, agora fiquei com muita vontade de ver esse filme! Fui lá no cinemark do shopping eldorado (o sesc estava fechado, dei com a cara na porta) e ia passar Babel só que muito tarde. Como não senti vontade de ver nenhum filme do horário em que estava lá, voltei. Acho que vejo esse filme durante a semana, espero. Abraço, Felipe!

Luana V. disse...

Oi,Felipe!! Gostei de Babel, muito bom o roteiro, a problemática
tratada a respeito da comunicação, do viver em um mundo onde ninguém mais se entende e do descompasso existente entre informação e ação(a notícia do "atentado" roda o mundo, mas o socorro para a mulher não chega). Só achei que a parte que se passa no Japão ficou meio distante das outras. A história da menina surda-muda é interessante, mas não se encaixa direito com o resto, a não ser pelo fato da arma do crime ser do pai dela - meio forçado! De qualquer forma é um bom filme, tem coisas pra pensar.

Obrigada pela passagem na Travessia e pelo elogio!

Um beijo,
Luana

ps. Estou em Aparecida.